terça-feira, 23 de julho de 2013

PROCESSOS DE FORMAÇÃODAS PALAVRAS




PROCESSOS DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

De forma geral ,há dois processos de formação de palavras no português : a derivação e a composição .Ambos representam formas eficientes de ampliação do vocabulário .

PROCCESSOS DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS  por DERIVAÇÃO

A derivação ocorre , de forma geral, quando surge uma nova palavra a partir de outra mais primitiva pelo acréscimo de afixo(s) à sua base . A derivação é um poderoso recurso para a produção de textos  . Como veremos, a palavra resultante pode apresentar mudança de classe  gramatical ou até mudança de significado em relação à originária.Confira os tipos de  derivação existentes.

 Derivação Prefixal ou Prefixação

Acontece a partir do acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Ex .: migrar , imigrar ,emigrar  ou inflação , anti-inflação , superinflação. A  princípio , as palavras derivadas apresentam apenas mudança de significado . Porém , a depender do contexto , podemos observar também a mudança de classe gramatical . Ex.: “ política anti-inflação “ ( a palavra derivada tem função a adjetiva apesar  de ser substantivo originalmente ) .
Curiosidade : há prefixos do  tupi ,inglês e irlandês com os quais lidamos no cotidiano . Acoplados  às suas bases, denominam  localidades   ou  povos . Alguns se tornaram  marcas de produtos , obras ou personalidades  . Nas suas línguas de origem eles acrescentam às palavras determinados  significados .
a)De origem Tupi , o  prefixo ita-  significa “ de pedra”
Ex.: Itaigara –(canoa da pedra )
      Itaparica – (cercado de pedras)
 
b)Em  irlandês ,  o prefixo   O-   significa “filho de “
Ex.: O´Neill
     O´Malley


c)Em  inglês , os prefixos  Mac  ou  Mc significam “de”  gerando  também  sobrenomes patronímicos  ( que identificam  a origem familiar  paterna  das pessoas )    
Ex.:
MacDonald, Macbeth
McCormick, McCullers

 
Derivação Sufixal ou Sufixação
Aontece a partir do acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Em decorrência , pode ocorrer alteração do significado original da palavra ou mudança de classe gramatical. Ex .: golpe , golpista / motor , motorista , motorizado/   ou  alfabeto , alfabetizar ( o substantivo foi transformado em verbo ) .
 Curiosidades :
a)      o sufixo  -açu , de origem tupi , significa  “ grande” .
Ex.: Iguaçu ( água grande ) ou jacareaçu  ( lagarto grande )

b)há sufixos do  espanhol , inglês e alemão  com os quais  lidamos  pois  quando acrescidos às suas bases , geram  sobrenomes patronímicos  recorrentes  ( fato que denota a nossa pluralidade étnica ).
Em espanhol ,  o sufixo   -ez   significa  “ filho de “
Ex.:  
Saez
Martínez
 González
Hernández

Em inglês , o sufixo  –son  significa  “ filho de “ .    
Ex.:  
 Johnson
Jefferson
Thomson
Williamson

 Em  alemão  , o sufixo  –sen  significa  “ filho de “ .    
Ex.: 
Jansen
Hansen
Petersen
Andersen

 
Derivação parassintética ou parassíntese
Acontece quando há  acréscimos obrigatoriamente  simultâneos de  prefixo e sufixo  à palavra original . Este processo  é comum   para a obtenção de verbos oriundos de adjetivos e substantivos  .Ex.:  enraizar , encorajar , amedrontar , avistar , amanhecer , anoitecer  etc. (derivados de substantivos)  e  aportuguesar , embranquecer, empobrecer , endireitar , expropriar , enrijecer  etc. (derivados de adjetivos) .

 
Derivação regressiva
Esta derivação ocorre  diante da supressão de algum morfema  na palavra original  , obtendo como resultado  um novo vocábulo . No português , esse processo é comum para a obtenção de substantivos deverbais ( aqueles  derivados  de verbos  e que são sempre nomes de ação ).
Ex.:
atacar – ataque       abalar – abalo        ajudar – ajuda    
cortar – corte          buscar – busca       censurar – censura


Derivação imprópria
Acontece quando alguma palavra muda de classe gramatical  sem que haja qualquer supressão ou acréscimo em sua forma . Em suma , trata-se de um processo semântico e não propriamente morfológico . Ex.: Estamos a comemorar  o não  do jurado . / Finalmente  deram o sim perante o altar .


PROCESSOS DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS  por COMPOSIÇÃO

Há dois processos básicos de formação de palavras por composição : a justaposição e  a aglutinação . A composição  costuma tirar proveito das relações sintáticas entre os morfemas que vão gerar a nova palavra . Este recurso é amplamente explorado pelas linguagens jornalística e literária . Ex. : governo-guerrilha , partido-floresta , joia-pensamento , “ os postos de parte “ etc. .
Na  justaposição ,  os elementos são colocados  lado a lado sem que ocorra qualquer alteração fonética em algum deles . Ex.:  papel-alumínio, lava-pés , lava-louças ,pesque-pague ,  come-dorme ,  sexta-feira , papa-léguas , justaposição , leva-e traz , etc. .
Na aglutinação  ,  pelo menos  algum dos elementos formadores da nova palavra , sofre modificações. Ex .: ambidestro , pernalta , retilíneo  , planalto etc. .

 

 

 

 

segunda-feira, 22 de julho de 2013




Se não posso dizer tudo o que quero  apenas com palavras , recorro a quem possa fazer isso por mim (acesse o link ) . Obrigada professora Roberta Ribeiro por acolher a esta "imigrante digital" ..... Agora sou parte desse "clube" de blogueiros da morfologia , nessa grande esquina do mundo que é a UNB .Continuarei na luta estudando todas as possibilidades dessa língua maravilhosa que é o português do BRASIL.


http://www.youtube.com/watch?v=J8NWbsB853Q


domingo, 21 de julho de 2013

MORFEMA , MORFE ,ALOMORFIA E MORFEMA ZERO


 

 MORFEMA , MORFE , ALOMORFIA  E  MORFEMA  ZERO   


 

MORFEMA

                O morfema é uma unidade abstrata e conceitual da morfologia .  O  morfema surge de processos  “arbitrários”  nas línguas  até se firmar  como um fenômeno   generalizado de determinada  língua  . A sua concretude ocorre  a partir de sua representação física : o morfe ( ao qual  pode não corresponder nenhuma  grafia , como ocorre com  a língua brasileira de sinais , LIBRAS ) . Flávia de Barros  Carone  cita  o linguista Gleason  ao concluir que o morfema é “ uma abstração que envolve significados  e possibilidades combinatórias  “ .

 Melhor dito : além do morfema representar “uma unidade mínima significativa”  ele  se caracteriza  pela “propriedade de  articulação  com outras unidades de seu nível” . Representa pois , uma “unidade formal abstrata provida de um ou mais valores semântico , referencial e/ou  gramaticais “.São exemplos de morfemas  os radicais , afixos ( prefixos , sufixos e infixos ) , vogais temáticas , vogais e consoantes  de ligação.

MORFE

Carone  , retomando Saussure , enfatiza o processo   de surgimento dos morfemas a partir de determinados fonemas . Ela enfatiza que nessa transição  acontece  a “ incorporação de um significado ao conjunto fonemático “  derivando disso os “morfes” . Portanto , como todo signo , o morfema  passaria a  ser constituído   pela    articulação  de suas duas faces : o  significante  e  seu  significado .   De acordo com  Carone ,  convém utilizarmos  “o morfe” como  designação específica da dualidade abstrato –concreta  inerente a todo morfema ( por isso , muitos defendem que a melhor terminologia a empregar seja morfe zero em detrimento do termo morfema zero ) .

ALOMORFIA

 

Há morfemas que  em determinadas situações  são representados por  variados morfes . De  acordo com Margarida Petter  , o conjunto de morfes que representam o mesmo morfema é composto por seus alomorfes , sendo que “nenhum alomorfe pode ocorrer no mesmo contexto que o outro “ (caráter distributivo) . Ou seja , denominamos de alomorfes  às diferentes representações físicas de um mesmo morfema ; constatando-se  variantes de significante  diante do mesmo significado .


Exemplos de alomorfia em português:
1-observando substantivos no singular e no plural  vemos que a ocorrência do "s" é regular para marcar o plural das palavras .Porém observamos a ausência do -s em alguns casos como : o pires / os pires  ou  o lápis  /  os lápis  opondo suas ocorrências no masculino e no feminino
2- há  alomorfias  de  particípio na conjugação verbal  ( vide tabelas em  Kedhi ) .

MORFEMA ZERO
O morfema zero é detectado diante de uma ausência de marca ;  porém   uma ausência que significa algo , detectada  no português sempre em ambiente de oposição  .  É um fenômeno de caráter flexional  observado , por exemplo , em substantivos e verbos .  De acordo com a professora Roberta , para  detectar o morfema zero  necessitamos de muito estudo e parcimônia  já que há três condições  , elencadas por Kehdi ,a serem satisfeitas a priori :
1-   constatarmos  que o morfema corresponde a um espaço vazio
2- o espaço vazio deve opor-se  a um ou mais segmentos ( observação através  de pares comparativos ).Ex.: amava / amávamos  .O vazio final  em “amava” contrapõe-se ao  -mos em amávamos .
3- a noção expressa pelo morfema zero deve ser inerente à classe gramatical do vocábulo examinado .  Ex.: se observarmos  quaisquer  flexões verbais   ,obrigatoriamente  ocorrerão nelas  referências de número  e pessoa ( podendo ser  o morfema zero , a referência encontrada ).   

Kedhi  atenta  para o fato de que enquanto “o morfema zero ocorre entre  uma série de morfemas , o alomorfe zero  ocorre entre uma série de alomorfes “ .
Exemplos de morfema zero em português :observando substantivos no singular e no plural  vemos que a ocorrência do "s" é regular para marcar o plural das palavras .Porém o singular apresenta a ausência de marcas ( menino / meninos ) .

 

 

 


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Imigração de múltiplas possibilidades línguísticas

 
Tela  " Imigrantes " de Lasar Segall  , artista de origem lituana e naturalizado brasileiro .





CONCEITUANDO  RAÍZ, RADICAL ,TEMA,VOGAL TEMÁTICA, VOGAIS E CONSOANTES  DE LIGAÇÃO .




Antes de abordar  esses conceitos da morfologia cabe fazermos algumas considerações.
As ciências modernas  no Ocidente afloram  com a filosofia  positivista . O pensamento evolucionista norteia suas atividades investigativas privilegiando processos dedutivos onde parte-se de uma teoria  geral em direção aos casos concretos.  Após o iluminismo , por conseguinte ,  os  estudiosos  das diversas culturas humanas  , expoentes dessa tendência,  serão apelidados  de “antropólogos de gabinete “ ( tendiam a realizar estudos com enfoques diacrônicos ).

 Só mais tarde , com o estruturalismo ,  os processos dedutivos serão valorizados . Neles os “estudos de caso” representam o  “start” das pesquisas , agora não mais restritas a explicitar e justificar modelos teóricos  cristalizados  capazes de atender às expectativas do evolucionismo nas ciências . As pesquisas de campo de inúmeros e “recentes” antropólogos ( ex.: Franz Boas, Sapir , Levi Strauss  , Margaret  Mead etc. )    vão  influenciar  e contribuir de forma significativa  para o desenvolvimento de novas correntes teóricas , tendências e descobertas  na linguística . Seus estudiosos , portanto , irão criar novos conceitos , reformular outros ou até abolir alguns...
Estudamos ,em Introdução à linguística  , as tendências  entre  teorias  de cunho evolucionista , funcionalista  e estruturalista  diante do estudo das línguas . Isso irá se refletir nas diferentes linhas de pesquisa , no enfoque dado a este ou àquele conceito por determinado autor / pesquisador e se sua investigação tenderá para a diacronia ou a sincronia .    




Raíz
Valter Kehdi  explica  em sua obra “ Morfemas do português “ que  a raiz de uma palavra está ligada à sua origem histórica .  Destaca-se por ser  o elemento originário , irredutível e comum a uma série de vocábulos .  De acordo com  Aronoff  e Haspelmalth  ,   é a raiz que guarda a informação lexical básica ,  e não o radical ( como  defende Kehdi ) . Para detectá-la , é necessária uma investigação etimológica  também sob uma perspectiva  diacrônica. Identificar a raiz de uma palavra  é primordial  pra a teoria que classifica as línguas enquanto predominantemente :

- isolantes – em que todas as palavras são raízes  , não podendo ,então, serem segmentadas em partículas menores ( ex.: chinês )
- aglutinantes- em que as palavras combinam raízes e afixos  distintos que expressam diferentes informações gramaticais   ( ex.: turco)
- flexionais – em que as raízes se combinam  a elementos gramaticais que não podem ser segmentados pois  indicam funções das palavras  ( ex.: vocábulos e suas desinências no  latim)
Exemplo de raiz no português :
-amar
-amor
-amoreco
-Amado
-Amanda ( significado etimológico  : aquela que é amada )



 
Radical
O radical é um morfema derivado da  junção entre a raiz e um morfe recorrente . Essa combinação permite a recepção de novas partículas .Desse processo , podem surgir novos vocábulos . Para detectá-lo , devemos elaborar um quadro comparativo de palavras  pertencentes a uma mesma família ( denominadas de  cognatos ) .
Ex. :
 barreiro
barrento
Barreto   ( significado etimológico : originário do barro)


 

Tema  e vogal temática
A  vogal temática é aquele morfema que surge entre  o radical  e um ou mais sufixos .No português , tanto nomes quanto verbos podem apresentar vogais temáticas . O tema , por sua vez , é  a junção do radical e sua vogal temática . Em nomes , as vogais temáticas do português são -o , -e , -a .

 Ex.: a vogal temática das palavras aparece destacada de verde

tempo

temporal

temporalidade

comtemporâneo

Raiz  : temp- 
 
A seguir , apresentamos as vogais    temáticas  verbais   -a , - e  ,- i   . Elas   definem se os verbos serão classificados como de 1ª, 2ª ou 3ª conjugação .  

Ex. : em destaque , de verde ,a  vogal temática de um verbo da 1ª conjugação  
Atacar
Atacava

Tema :  ataca-

Ex . : em  destaque , de verde ,a  vogal temática de um verbo da 2ª conjugação  
Conhecer
Conhece

Tema : conhece-

Ex . : em destaque , de verde ,a  vogal temática de um verbo da 3ª conjugação
Construir
Construíram
Tema:  construí-



 
Vogais e consoantes de ligação
São morfemas que possibilitam ou facilitam a leitura de determinado vocábulo .  Costumam surgir de  princípios “econômicos”  na língua , exigindo assim menos esforço articulatório e /ou respiratório de seus  falantes .     
Ex.: tecnocrata , aristocracia ,paulada e alviverde .



P.S. :  a primeira imagem mostra " El árbol de  la vida " ( temática popular  na escultura mexicana ) .
Todas as  fotos foram gentilmente disponibilizada pelo sitio eletrônico Google Images  

sexta-feira, 12 de julho de 2013

ANÁLISE DE ALGUMAS FORMAS LIVRES , PRESAS E DEPENDENTES

ANÁLISE DE  ALGUMAS FORMAS LIVRES PRESAS E DEPENDENTES  ENCONTRADAS NO TEXTO  POSTADO




1) Formas livres :

-podem ser enunciados completos como " Por mi raza hablará mi sangre "
( frase carregada de simbolismo  pátrio para os mexicanos . Não por acaso consta na insígnia da Universidade Nacional Autônoma do México)
- podemos citar inúmeros substantivos visualizados no texto como Sevilla , índia, tartaruga , liberdade , mar ,  areias , alma, povos , formas etc. .
- podemos também analisar o  radical das palavras como livres e seus afixos como formas presas
como no exemplo  " que felicidade "




2) Formas presas de origem derivativa:

-prefixos : "com " em "compartilhar " e em "compaixão"
-sufixos : "idade" em "ancestralidade" , "oportunidade "e  " impunidade "





3) Formas presas de origem flexional
  Exempos :
- no português as vogais temáticas  "o" em "filhos"  e "a" no verbo "lançar"






4) Formas dependentes
Exemplos :
- "me" em " me encontro" , "me surpreendo " e "me lançar ao mar " . A partícula "me" poderia ser tranquilamente utilizada após os verbos .
-"que" nos  trechos " e como índia que sou " ,  "que minh'alma" .

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                            COEXISTÊNCIA DE FORMAS LIVRES, PRESAS E DEPENDENTES
(TEXTO PARA ANÁLISE )
 PRESAS

                Minha alma ficou presa ao túmulo dos meus avós.
 A memória afetiva da família foi eternizada a partir do traçado de um menino com 77 anos . Suas pinturas e desenhos   tecem tramas familiares entre nós e nossos bisavôs Sevilla, Anaya, Santin, Werneck, Barreto , Hernández , González , Guerra , Almeida.....(este último vindo de um clã de árabes fugitivos da  Inquisição). “Al”,“ma’e”,“da”, almas idas, almas perdidas ....todos vivem em meu coração. Todos  a reviver trajetórias  através da curiosidade dos meus filhos diante dos quadros pintados pelo avô; presos que estamos à nossa história .

LIVRES                                

                Sou livre para me lançar ao mar:  tartaruga marinha....carapaça genética .
Por onde passo  levo minha casa de cultura milenar. Escolho o espanhol, que  tanto  amo ouvir , “hablar” , estudar.... . Me surpreendo ao encontrar quem compartilhe da mesma realização. Algumas , por motivos que a  “lógica” da  ancestralidade  não explica , vivenciam essa oportunidade com a mesma intensidade : que alegria ,  que felicidade , quanta emoção !
                Ironia diante da “liberdade”?  Como  mulher,  busco a igualdade .  Como  latino americana, busco o reconhecimento . Me encontro em luta constante contra as atrocidades e a impunidade . Encontro ,” com paixão “ , milhares de seres solidários coexistindo  , compartilhando batalhas  ;  momentos eternos de compaixão . Em busca estão da liberdade,  latente, diante da conquista de uma nova profissão .     

DEPENDENTES ....

                Resolvi retornar às minhas raízes e retomar as minhas origens das quais minh’alma  é carente .Determino minha trajetória, apesar da história traçada por meus antecedentes (imigrantes fugindo das Guerras, da ignorância e da violência).
                Me encontro cruzando mares! Volto às areias milenares de um “Novo Mundo” de oportunidades... . E como índia que  sou , levo meus curumins : “por mi raza hablará mi sangre”. Talvez , assim, possam “ hablar   con  palabras  que brotan del corazón “ .
                Que fizeram com as minhas demais  línguas? Que fizeram com meus povos outros ? ! seus anseios , seus registros ... Onde estão as minhas demais raízes que minh’alma só se expressa nessas línguas que aqui estão ? Grata sou por estas aulas ; portas abertas  para novas descobertas ! Delas dependo para reestabelecer conexões .

       P.S. : telas de autoria do pintor mexicano Diego Rivera          










MORFOLOGIA ; ABORDAGEM CONCEITUAL DAS FORMAS LIVRES , PRESAS E DEPENDENTES . (terceira postagem)

Durante as aulas de morfologia estudamos as definições de Leonard Bloomfield ( referentes às formas livres e presas ) e de Mattoso Câmara Jr. ( em relação às formas presas ). Ainda na década de 30 , Bloomfield , sob a ótica da linguística estadunidense de enfoque distribucional , define como formas livres àquelas capaz de “constituir por si só um enunciado “ . Ou seja , seria toda e qualquer forma caracterizada como suficiente para estabelecer a comunicação .
 Linguistas brasileiros como Valter Kehdi e Flávia de Barros Carone , posteriormente , utilizarão seus conceitos ao analisar palavras , morfemas e definir enunciados em português, inseridos em gêneros textuais ou não .
Carone atenta para o fato de que “toda frase , da mais simples à mais complexa , é uma forma livre ....”. No entanto , por motivos metodológicos e pedagógicos , em sua obra “Morfossintaxe”, ela se atem à análise das formas livres mínimas ( restritas aos limites dos vocábulos ).Em ambos os casos , é de fundamental importância observarmos a entonação , capaz de proferir-lhes ou não esse “caráter livre “ .
  De acordo com Bloomfield , as formas presas seriam aquelas que surgem “atreladas a outras em um vocábulo”. As formas presas podem ser de origem derivativa ( prefixos e sufixos) ou flexional ( vogais temáticas , desinências verbais e nominais )
Mattoso Câmara Jr. , em 1967 , fará uma grande contribuição à temática em questão ao conceituar e caracterizar as formas dependentes . Seriam formas que, apesar de certa autonomia , nunca aparecem isoladas. Ao contrário das presas , as formas dependentes podem variar de posição e/ou permitem a intercalação entre elas e as livres.
Em seu livro “Estrutura da língua portuguesa “ ele exemplifica o conceito ao tratar das preposições , que no português , “ embora liguem um antecedente a um consequente, admitem que se introduzam elementos entre elas e o consequente “ .
A seguir , utilizaremos o gênero textual “pretensamente” literário para aplicarmos os conceitos acima definidos .




P.S. : mosaico ilustrativo em exibição na casa de Diego Rivera e  Frida Calo ( Ciudad de México )

Texto sugestivo :Coexistir de Formas Livres , Presas e Dependentes


                               COEXISTIR DE FORMAS LIVRES, PRESAS E DEPENDENTES

(quarta postagem)

 
PRESAS

                Minha alma ficou presa ao túmulo dos meus avós. A memória afetiva da família foi eternizada a partir do traçado de um menino com 77 anos . Suas pinturas e desenhos   tecem tramas familiares entre nós e nossos bisavôs Sevilla, Anaya, Santin, Werneck, Barreto , Hernández , González , Guerra , Almeida.....(este último vindo de um clã de árabes fugitivos da  Inquisição).          “Al”,“ma’e”,“da”, almas idas, almas perdidas ....todos vivem em meu coração. Todos  a reviver trajetórias  através da curiosidade dos meus filhos diante dos quadros pintados pelo avô; presos que estamos à nossa história . 


 

LIVRES                                
                Sou livre para me lançar ao mar:  tartaruga marinha....carapaça genética .Por onde passo  levo minha casa de cultura milenar. Escolho o espanhol, que  tanto  amo ouvir , “hablar” , estudar.... . Me surpreendo ao encontrar quem compartilhe da mesma realização. Algumas , por motivos que a  “lógica” da  ancestralidade  não explica , vivenciam essa oportunidade com a mesma intensidade : que alegria , quanta emoção !
                Ironia diante da “liberdade”?  Como  mulher,  busco a igualdade .  Como  latino americana, busco o reconhecimento . Me encontro em luta constante contra as atrocidades e a impunidade . Encontro ,” com paixão “ , milhares de seres solidários coexistindo  , compartilhando batalhas  ;  momentos eternos de compaixão . Em busca estão da liberdade,  latente, diante da conquista de uma nova profissão .   


 

 DEPENDENTES ....

                Resolvi retornar às minhas raízes e retomar as minhas origens das quais minh’alma  é carente .Determino minha trajetória, apesar da história traçada por meus antecedentes (imigrantes fugindo das Guerras,da ignorância e da violência).
                Me encontro cruzando mares! Volto às areias milenares de um “Novo Mundo” de oportunidades... . E como índia que  sou , levo meus curumins : “por mi raza hablará mi sangre”. Talvez , assim, possam “ hablar   con  palabras  que brotan del corazón “ .
                Que fizeram com as minhas demais  línguas? Que fizeram com meus povos outros ? ! seus anseios , seus registros ... Onde estão as minhas demais raízes que minh’alma só se expressa nessas línguas que aqui estão ?
Grata sou por estas aulas ; portas abertas  para novas descobertas ! Delas dependo para reestabelecer conexões .

   

 P.S.: telas  de  autoria do pintor mexicano Diego Rivera